Meia centena de activistas da CDU, entre os quais alguns candidatos à Assembleia da República, participou sexta-feira numa acção de agitação junto ao novo hospital de Braga, inaugurado nesse dia. O objectivo foi protestar contra a parceria público-privada que entregou a sua gestão ao Grupo Mello. Esta privatização, lembraram também os activistas e candidatos da coligação PCP-PEV, teve início com um governo do PSD e foi concretizada pelo PS o que revela a responsabilidade de ambos os partidos, e mais do CDS, pela degradação do serviço prestado às populações, pelo aumento dos custos com saúde suportados pelos utentes e pelas sucessivas violações dos direitos dos trabalhadores.
Foi ainda denunciada a dispensa de 39 trabalhadores, que não transitarão do anterior hospital, em particular de dois dirigentes sindicais que tiveram um papel particularmente activo na luta em defesa do vínculo público. Segundo informações vindas a público por intermédio de deputados do PS, terá havido uma negociação do Governo com o Grupo Mello no sentido de que, a troco de mais 170 milhões de euros, não haveria «dispensas nem despedimentos».
Já na segunda-feira anterior, o primeiro candidato da CDU pelo círculo de Braga, o actual deputado Agostinho Lopes, manifestara a solidariedade dos comunistas e seus aliados com estes trabalhadores participando numa acção promovida pela Comissão Intersindical do Hospital de Braga. Na ocasião, o membro do Comité Central do PCP repudiou a atitude da administração do Hospital de Braga e a «inaceitável» colaboração da Administração Regional de Saúde. Agostinho Lopes questionou já o Governo acerca desta situação.
Desde há muito que o PCP vem denunciando o verdadeiro negócio que constitui a gestão privada do novo Hospital de Braga. Recentemente, antes de ter vindo a público a dispensa destes trabalhadores, a CDU acusava o grupo económico de pretender fazer dinheiro com o estacionamento das viaturas de utentes e profissionais de saúde, não estando inclusivamente claro na nota da administração se as próprias ambulâncias estariam isentas. Nessa altura, a 30 de Abril, recordava-se algumas das medidas tomadas pelo grupo para aumentar os seus lucros: corte de medicamentos anteriormente fornecidos gratuitamente na farmácia do hospital; redução das doses dos medicamentos fornecidos para obrigar à repetição de consultas que são depois facturadas ao Estado; a degradação do atendimento; cortes na alimentação dos profissionais e dos próprios doentes, entre outras.